terça-feira, 26 de julho de 2011

RUBEM ALVES Sucesso... "Não queira afinar-se para o sucesso. Se vier, melhor para você. Ou pior para você, nunca se sabe... "

FIZERAM UMA enquete entre pessoas que, a seu juízo, tiveram sucesso, eu entre elas. Queriam descobrir o segredo. Eram seis perguntas:

1) Se tivesse que definir sua história profissional em três palavras, quais seriam?
Um jovem me perguntou: como planejei a minha vida para chegar aonde cheguei? Respondi: cheguei aonde cheguei porque tudo o que planejei deu errado. A primeira palavra, então, seria "acidente".
Depois, há de se ter um dom, coisa que não se faz, mas se recebe dos deuses. Quis muito ser pianista. Fracassei porque me faltava o dom. Já vi muitas promessas em livros de autoajuda do tipo "você está destinado ao sucesso...". Isso é mentira. O querer nada pode sem o dom.
Finalmente, é preciso trabalhar.

2) Quais diferenciais uma pessoa deve possuir para conquistar o sucesso em sua profissão?
Não gosto dessa palavra "sucesso". O que é sucesso? Vender um milhão de livros? Muitos livros medíocres são vendidos aos milhões, enquanto outros livros geniais não vendem uma única edição.
Muitos sucessos acontecem por acidente, trapaça ou malandragem. Ser eleito deputado ou senador -isso é sucesso?
Não se aprisionar ao costumeiro. Uma mulher que não conheço me enviou um presente, um quadro bordado em ponto cruz com as palavras "Deus abençoe essa bagunça"... Nietzsche nos aconselhou a construir nossas casas nas encostas do vulcão Vesúvio... Curiosidade.

3) Você deve ter acompanhado muitas pessoas que atingiram um reconhecimento em sua carreira, mas que, em pouco tempo, acabaram esquecidas. Quais os cuidados que um profissional deve tomar para que isso não ocorra?
Isso nunca me passou pela cabeça... Eu riria de uma pessoa bem-sucedida que se preocupasse com isso. Acho que essa preocupação é própria de pessoas narcisistas. E eu desprezo os narcisistas... Um conselho maroto, de bufão: "Esforce-se para aparecer na "Caras". Com seu rosto sorridente lá, você não será esquecido...

4) Que ações e atitudes você tomou em sua vida e que, na sua opinião, foram determinantes para o sucesso em sua carreira?
Uma das minhas características que em nada ajudam o sucesso foi a "rebelião". Fui um rebelde na religião, um rebelde na psicanálise, um rebelde na esquerda, um rebelde na educação. "Em cada chegada, eu sou uma partida", dizia Nietzsche. E Eliot: "Numa terra de fugitivos, aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo...". Acho que aqueles que gostam de mim têm esse traço comum: andam na direção contrária.

5) Já houve momentos em que você pensou em desistir? Em que pensou que nada daria certo? Se sim, o que você fez para superá-los e seguir em frente?
Sim. Cheguei a me candidatar a vendedor da "Enciclopédia Britânica" de casa em casa... Mas, repentinamente, o vento virou e encheu as minhas velas... É preciso estar atento à direção do vento...

6) Qual a lição mais importante que você teria para quem deseja afinar-se para o sucesso?
Não queira afinar-se para o sucesso. Não faça do sucesso o seu deus. Seja fiel a você mesmo. Se vier o tal de "sucesso", melhor para você. Ou pior para você, nunca se sabe... Van Gogh foi um fracasso, nunca vendeu um quadro. Ele poderia ter se "afinado" para o sucesso -pintando quadros mais bonitinhos...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

FEIO É FAZER BICO.

Você já recebeu uma crítica em público? Já esteve diante de situações de pressão no trabalho em que achou que fosse ter uma crise de nervos? Já se sentiu injustiçado diante de um pedido negado, uma negociação de aumento, por exemplo? Pare e relembre como você reagiu diante de casos assim. Nesses momentos, sua resiliência estava sendo testada. 

No ambiente de trabalho, resiliência é a capacidade de resistir às pressões e às frustrações sem perder energia, sem se deformar psicologicamente. Ela é resultado da educação e da formação que recebeu ao longo da vida, desde a educação infantil às experiências acumuladas com o passar dos anos. Diante das situações de pressão que viveu, você aprendeu a reagir, assimilar e resistir. No mercado atual, há uma escassez de jovens profissionais resilientes. Na sociedade moderna, os pais, por excesso de zelo e tempo restrito de convivência, cercaram a educação dos filhos de tanta proteção que eles não desenvolveram resiliência suficiente para enfrentar os atropelos da vida adulta. No mercado atual, há uma escassez de jovens profissionais resilientes É crescente entre as grandes empresas a observação da pouca resistência dos jovens às frustrações e à pressão. Como um profissional resolve a questão? Aprimorando o autoconhecimento, dedicando-se a atividades como esportes coletivos e aprendizado de trabalhos manuais ou de instrumentos musicais. Situações desse tipo contêm desafios que podem ser gradualmente superados. Segundo a definição do dicionário Aurélio, resiliência é a "propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora da deformação. É preciso investir no armazenamento de sua energia permanente, para que você volte ao normal quando cessar a pressão". A consciência de que sua resiliência precisa aumentar já é o primeiro passo de um caminho para ajustar seu comportamento e suas reações diante de situações duras. O que não pode mesmo, no mundo corporativo, é reagir mal e fazer bico quando for contrariado.


quinta-feira, 7 de julho de 2011

Boa formação faz a diferença.


A cultura ajuda a melhorar a capacidade de julgar

Luiz Carlos Cabrera (undefined)  11/03/2009

Os responsáveis pelas áreas de seleção das principais empresas do Brasil são unânimes em apontar uma falha grave na formação dos profi ssionais brasileiros: a falta de cultura. A crítica vale tanto para jovens trainees quanto para executivos que já ocupam cargos de liderança. Falta conhecimento de história, geografia, pintura, música e literatura. Esse defeito pode definir sua próxima contratação ou promoção: as empresas precisam de gente culta. Por quê? Porque é o nível cultural que melhora a capacidade de diagnóstico, de entender rapidamente contextos complexos e de fazer julgamentos. Não é à toa que as escolas de administração europeias (que nos últimos anos lideram os rankings internacionais) oferecem cada vez mais cursos que discutem pintura, prosa e poesia, neurologia, filosofia, antropologia e história.

A origem do problema está nos cursos de graduação, que despendem muito tempo ensinando técnicas e práticas de gestão, modelos de análise e decisão e novas técnicas de marketing e de finanças. Nada de cultura. É como se o aspecto cultural fosse menos importante. Os executivos mais experientes já sentiram o drama e correram para sanar o desvio de formação. É o que explica o sucesso da Casa do Saber, que oferece no Rio de Janeiro e em São Paulo uma extensa lista de cursos de humanidades, da psicanálise à geopolítica, com alta frequência de homens de negócios.Nestes dias em que estamos tentando decifrar uma das mais complexas crises econômicas dos últimos 50 anos, são muito importantes outros pontos de vista, outros modelos. E estes só vão aparecer se os profissionais tiverem um olhar mais amplo. Acontece que o desenvolvimento cultural é um projeto individual, você precisa estabelecer seu plano e algumas metas. Minha sugestão: ler um livro por quinzena, assistir a um filme por quinzena, ir a um concerto por mês, fazer uma visita a um museu a cada dois meses, fazer um curso sobre filosofia a cada três meses. Seu papo vai ficar melhor. Cultura é um grande diferencial competitivo. Ou você pensa que só falar inglês vai fazer a diferença?
Luiz Carlos Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro da Amrop Hever Group.